Estudantes da rede municipal escrevem cartas de agradecimento para profissionais que trabalham em meio à pandemia - 26/06/2020
De acordo com o dicionário, solidariedade é o ato de bondade e compreensão com o próximo, um sentimento, uma união de propósitos entre os membros de um grupo. Na prática, é o que os alunos da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, em Parnamirim, estão mostrando ao mundo, através de uma lição de amor, fé e esperança.
Em meio à pandemia do novo Coronavírus, que tem colocado o mundo sob grande apreensão, os estudantes resolveram escrever cartas em agradecimento aos profissionais de diversas áreas e a todos aqueles que de alguma forma, seguem contribuindo para que a vida siga seu curso, mesmo diante de tantas adversidades.
Encaminhadas de forma virtual, as cartas, escritas de próprio punho pelos alunos, partiram da iniciativa de três professoras da escola. Juntas, elas idealizaram o projeto “Cartinhas virtuais para semear fé, amor e esperança”. Ao longo do último mês, os textos já chegaram às mãos de quase de 2.000 profissionais, gerando emoção e uma enorme corrente de afeto e empatia.
Um desses profissionais foi a professora Flávia Nóbrega, que é coordenadora da Rede Pea UNESCO do RN. Para ela, as cartas virtuais trazem a possibilidade de nos aproximarmos de sentimentos e mostram que alguém se importa e se lembra de nós.
“Quando eu recebi a minha carta, eu me senti feliz, emocionadoa, e confesso que chorei. As cartas nos fazem sentir bem e fazem cada palavra valer à pena. As que vieram até mim, foram fé, amor e esperança. Estas são palavras que necessitam de atenção exclusiva, pois vivemos dias nos quais somos confrontados com a fragilidade de nossas vidas”, disse.
As cartinhas emocionam até a corporação da Polícia Militar do RN. Escrita pela aluna Rita de Cássia Dantas, de 14 anos, do 9º ano A, uma delas é um agradecimento aos policiais, por continuarem realizando bravamente os seus trabalhos. “Esta cartinha tem como objetivo agradecer a cada um que trabalha em prol da proteção do outro. A profissão de vocês não os permite ficar em casa, em isolamento, porque necessitam cuidar da população”, disse Rita em trecho de sua carta.
Em retribuição, um grupo de policiais foi até a casa da estudante para lhe entregar um presente. A mensagem gerou ainda um agradecimento especial por parte do comandante da PMRN, postado nas redes sociais da corporação. “Suas palavras, jovem Rita de Cássia, alicerçam as nossas forças. Perto de completarmos 186 anos de existência, acordamos mais confiantes. Lemos sua carta à nossa tropa. Os nossos policiais militares ficaram imensamente motivados”, escreveu o Coronel Alarico Azevedo.
A estudante conta que escrever sua carta endereçada aos profissionais da segurança, teve um significado muito importante. Sua tia de consideração trabalha na penitenciária feminina, o que, segundo Rita, lhe traz muita inspiração. “Me sinto lisonjeada em poder participar desse projeto. Quando vejo as pessoas motivadas me sinto muito feliz e quase explodi de alegria com a visita dos policiais em minha casa. Sou imensamente grata pelo carinho e que Deus os abençoe sempre”, desejou.
Maria José, coordenadora pedagógica, professora mediadora de leitura e uma das idealizadoras do projeto, explica que a idéia foi concebida a partir da necessidade de movimentar os alunos neste momento em que as aulas estão suspensas, em função das medidas de isolamento e distanciamento social.
A proposta foi lançada aos alunos do 6º ao 9º ano, que logo abraçaram a causa. “Rapidamente, alunos e professores se interessaram e se mobilizaram em participar desse movimento. Fizemos um grupo no whatsapp para discutir os temas e podermos encaminhar as cartas escritas pelos alunos”, acrescentou.
Mesmo em um momento que requer tanto cuidado, a mensagem da professora é a de que não podemos desistir de lutar e que podemos fazer a diferença com gestos simples como esses. “Acredito que em um momento de fragilidade, com algo tão sério acontecendo no mundo, não podemos perder a nossa fé e a nossa esperança nunca. As vidas de todos nós importam e não podemos nos esquecer disso”, finalizou.
Postado Por:
Saulo Tarso de Castro
Fotografia de:
ASCOM